Os fluxos de exportação de etanol para o mercado internacional escalaram para seu nível mais alto desde 2020, impulsionados principalmente pela demanda significativa de compradores na Coreia do Sul e na União Europeia (UE), que ultrapassaram destinos tradicionais como a Costa Oeste dos Estados Unidos.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) compilados pela Argus, as exportações de etanol do Brasil atingiram 2,55 milhões de m³ entre janeiro e dezembro — o volume total mais elevado registrado pelo órgão desde 2020.
Esse montante corresponde a uma alta de 2,4pc em relação aos 2,49 milhões de m³ registrados em 2022, um total que já era visto como um feito relevante por participantes na época (veja tabela baixo).
O resultado ultrapassou ligeiramente o teto esperado para o ano segundo uma pesquisa realizada pela Argus com participantes de mercado em março de 2023: as projeções previam algo entre 2,1-2,5 milhões de m³.
As exportações para a Coreia do Sul representaram cerca de 33pc do total de embarques em 2023. O país asiático é um dos maiores compradores do Brasil para o etanol industrial – usado principalmente em produtos farmacêuticos e cosméticos.
O hub Amsterdã-Roterdã-Antuérpia (ARA, na sigla em inglês) – porta de entrada para a maioria das importações para a União Europeia – recebeu 23pc das exportações do biocombustível, seguido por EUA, com 15pc, Filipinas, com 5,7pc, e Nigéria, com 3,9pc. O aumento acontece na esteira da crescente produção de etanol no Centro-Sul brasileiro, graças à safra recorde de cana-de-açúcar na região.
Um consumo inferior ao esperado nas bombas também desempenhou um papel crucial para os produtores desviarem a oferta excedente do mercado interno, com uma arbitragem viável na maior parte do ano auxiliando esse movimento.
No entanto, a onipresença do etanol brasileiro no mercado global em 2023 não se deu sem controvérsias, já que a UE anunciou, em setembro, medidas de vigilância retroativas sobre as importações de vários países, incluindo o Brasil e os EUA, após protestos de produtores locais.
Enquanto isso, as importações do biocombustível para o Brasil recuaram 81pc, para 59.632m³ em 2023, de 315.773m³ em 2022. Praticamente todo o etanol importado no período veio do Paraguai.
Volumes de exportação de etanol brasileiro | m³ | |||
2023 | 2022 | 2021 | 2020 | |
2.557.755 | 2.497.084 | 1.977.479 | 2.707.694 | |
Janeiro | 259.385 | 104.416 | 191.731 | 79.092 |
Fevereiro | 127.921 | 74.206 | 157.574 | 154.555 |
Março | 199.924 | 180.157 | 193.365 | 70.376 |
Abril | 203.576 | 119.302 | 107.263 | 81.510 |
Maio | 93.757 | 74.625 | 66.104 | 154.631 |
Junho | 69.246 | 212.483 | 295.833 | 288.296 |
Julho | 306.174 | 182.706 | 210.857 | 306.114 |
Agosto | 257.016 | 280.492 | 85.091 | 336.694 |
Setembro | 296.798 | 324.713 | 197.063 | 293.627 |
Outubro | 235.195 | 355.773 | 164.983 | 379.872 |
Novembro | 195.007 | 255.941 | 107.799 | 317.161 |
Dezembro | 313.756 | 332.270 | 199.816 | 245.766 |
MDIC |
