A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a produtora de biodiesel Be8 firmaram um acordo de cooperação técnica para fabricar etanol a partir de triticale no Rio Grande do Sul, onde a produção a partir de cana-de-açúcar é inviável.
A parceria prevê o desenvolvimento de cultivares de triticale que melhor se adaptem à produção de etanol, disse a Embrapa. A Be8 (ex-BSBios) planeja construir uma usina de etanol de grãos em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde já fabrica biodiesel. A unidade industrial demandará mais de 550.000t de grãos/ano.
"No raio de atuação da Be8 há uma grande área sem exploração comercial de grãos no período do inverno", afirmou o presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, acrescentando que o triticale é uma fonte relevante de matéria-prima para o projeto.
Triticale, aveia branca, cevada, centeio e até mesmo trigo de menor qualidade são algumas das possibilidades para compor o leque de matérias-primas para etanol em estados ao sul do Brasil, como Rio Grande do Sul, já que a região subtropical não é adequada para plantar e cultivar cana-de-açúcar.
A Embrapa argumenta que o triticale tem maior potencial para abastecer a indústria de biocombustíveis do que outros grãos de inverno similares, já que possui teor elevado de amido e alta atividade amilolítica.
O engenheiro agrônomo da Be8, Fábio Junior Benin ainda ressaltou que o triticale tecnicamente se encaixa muito bem nos sistemas produtivos. "É uma cultura que o produtor já conhece bem e que já conta com boa base genética", disse. "Este acordo possibilitará avanços também para novas cultivares, com características específicas para a produção de etanol."
As duas companhias vão oficializar a parceria em cerimônia hoje no estande da Embrapa na Expodireto Cotrijal 2024, em Não-Me-Toque, onde a própria Cotrijal também planeja uma usina de etanol a partir de grãos de inverno.
A Be8 anunciou pela primeira vez sua usina de etanol em Passo Fundo em meados de 2022, com planos de gastar R556 milhões para produzir 220.000 m³/ano de etanol. A construção estava prevista para começar no segundo trimestre de 2023, com as operações dando largada no segundo semestre de 2024, mas pouco se ouviu falar desde então.
A unidade é um dos vários projetos de etanol à base de amido e não de cana-de-açúcar planejados para os estados do Sul nos próximos anos, todos em diferentes estágios de desenvolvimento.