20/09/23
Investidores pedem regulação para hidrogênio brasileiro
Sao Paulo, 20 September (Argus) — O Brasil tem potencial para se tornar um dos
principais fornecedores globais de hidrogênio, mas iniciativas para ampliar a
produção necessitam de regulação do governo, afirmam investidores e
pesquisadores. "Uma paridade de preço competitiva [em relação a combustíveis
fósseis] depende de incentivos e esforços do governo para estimular o movimento
de zerar emissões", disse o gerente de desenvolvimento de produtos da
Mercedes-Benz, João Marcos Leal, em evento do setor, realizado em São Paulo. O
potencial do hidrogênio no país se apoia na diversidade de fontes de energia
renovável, além da experiência com o uso de biomassa como matéria-prima para
combustíveis. O governo federal estima uma capacidade produtiva de
aproximadamente 1,8 bilhão de t/ano da commodity, comparado às atuais 1 milhão
de t/ano. O presidente da Comissão de Transição Energética e Produção de
Hidrogênio Verde da Câmara dos Deputados, Arnaldo Jardim, está trabalhando em um
modelo regulatório para o hidrogênio. O deputado reforçou a necessidade de uma
"neutralidade tecnológica" na escolha das rotas de produção e defendeu a
definição por uma categoria de baixo carbono do elemento químico. Jardim disse
que o governo estabelecerá medidas para a ampliação do hidrogênio como matriz
energética. "Queremos iniciativas como tratamento tributário e garantias de que
o governo possa conduzir leilões ou ter seu poder de compra utilizado para
estimular a questão do hidrogênio." Durante o evento, o parlamentar também
sugeriu um pacote para estimular a demanda doméstica, como no uso da amônia
verde, fertilizantes, aço verde, além dos setores de refino e transportes. O
país já possui um plano trienal para o hidrogênio, entre 2023-2025, no qual
constam plantas em todas as regiões até 2025. Segundo o documento, o próximo
passo é a consolidação do país como produtor competitivo da commodity de baixo
carbono até 2030. Tais perspectivas, no entanto, são incompatíveis com as ações
do governo para o setor, devido à falta de um marco regulatório, na visão da
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovaltaica (Absolar). O presidente da
entidade, Eduardo Tobias, destacou o uso da energia solar para produzir
hidrogênio via eletrólise. A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica)
também encorajou a produção do renovável a partir fontes verdes. "O custo do
hidrogênio produzido usando energia de eólicas offshore já é muito competitivo",
disse o diretor técnico da associação, André Themoteo. A Abeeolica prevê o
início das operações da primeira usina eólica offshore do Brasil em 2030. Portos
preparam infraestrutura Os portos brasileiros vêm anunciando novas
infraestruturas para a produção de hidrogênio, na esteira de discussões
crescentes sobre transição energética no país. O porto do Açu, no Rio de
Janeiro, planeja construir um polo de hidrogênio de baixo carbono de 4 gigawatts
(GW), com capacidade para produzir 604.000 t/ano da commodity, 1,9 milhão de
t/ano de amônia e 315.000 t/ano de e-metanol. O projeto atenderá,
principalmente, a demanda da indústria de fertilizantes. Além disso, há planos
para beneficiar as movimentações de minério de ferro no porto e atender às
demandas do setor marítimo, informou Eduardo Kantz, diretor executivo de ESG e
questões institucionais do Porto do Açu. O porto de Pecém, no Ceará, também terá
um polo de hidrogênio. O pedido de licença ambiental já foi feito e a
expectativa é de que que a produção de hidrogênio comece em 2027, de acordo com
Fabio Grandchamp, vice-presidente de operações do complexo portuário. Movimento
similar é observado no porto de Suape, em Pernambuco, enquanto o porto de
Santos, em São Paulo, considera a construção de uma planta de hidrogênio verde
utilizando energia gerada pela sua usina hidroelétrica de Itatinga (SP), com
capacidade de 15MW. Por Laura Guedes Envie comentários e solicite mais
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