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Pausa no PMQC elevará monitoramento privado
Pausa no PMQC elevará monitoramento privado
Sao Paulo, 23 October (Argus) — A suspensão do Programa de Monitoramento de Qualidade de Combustíveis (PMQC) da Agência Nacional do Petróleo (ANP) pelos próximos dois meses deve aumentar a ocorrência de irregularidades, levando distribuidoras a intensificar esforços de monitoramento próprio. A suspensão temporária no programa foi precipitada por restrições orçamentárias, informou a ANP. Em janeiro de 2025, o PMQC será retomado, mas o receio é que uma nova redução orçamentária continue comprometendo a qualidade do programa. "A principal consequência da interrupção é o aumento imediato da irregularidade nos combustíveis", diz à Argus a diretora executiva de downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Ana Mandelli. Criado há 25 anos, o PMQC monitora quase 20.000 revendas de combustível em 3.400 municípios brasileiros. Em junho deste ano, com base em dados do programa, associações do setor apresentaram à ANP e ao Ministério de Minas e Energia (MME) informações que mostravam que cerca de 3 milhões de m³ de diesel B, ou 5pc de todo o diesel rodoviário, estavam fora das especificações. Meses depois, após atuação da ANP, houve melhora expressiva na qualidade das amostras. O caso foi lembrado em ofício enviado na semana passada por 10 associações ao MME, em texto que frisa a importância do PMQC e pede que o programa não seja interrompido. Como explica o diretor do Instituto Combustível Legal (ICL), Carlo Faccio, o programa funciona como uma espécie de "mapa de calor" das adulterações e irregularidades que ocorrem no setor. Com os dados em mãos, a ANP consegue direcionar a sua fiscalização de forma mais efetiva. "Diante da suspensão do programa, prevemos mais ações para levar informações para a agência, não somente por parte do ICL, mas também do próprio mercado, das empresas", afirma Faccio. "A tendência é de reforço dessa segunda camada de qualidade." Mudança de comando A expectativa do setor para que o problema seja resolvido repousa na mudança no comando da ANP a partir de 2025. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, indicou o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Pietro Mendes, para ser o novo diretor-geral da agência reguladora. O fato de Mendes, que é servidor de carreira, ter atuado na estruturação e implementação da Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio) é visto com bons olhos pelo setor, que acredita que o novo diretor, fortalecido pela proximidade com Silveira, terá mais condições de garantir um orçamento maior para a agência e para o programa. O atual diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, já apontou algumas vezes que a agência conta neste ano com um Orçamento que representa apenas 18pc dos recursos totais de que dispunha em 2013, corrigida a inflação do período. "É lamentável que a ANP tenha chegado a esse ponto: cortes no Orçamento que não permitem que exerça sua atividade básica", comenta Sergio Araújo, presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). "E quando se toma conhecimento que a casa não é vigiada, o risco de ser assaltada é muito maior", diz Araújo. Em julho, o governo bloqueou R$110 milhões adicionais em recursos de agências reguladoras – no caso da ANP, foram congelados R$11,4 milhões. Para o diretor institucional da Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis (Brasilcom), Sergio Massillon, uma opção para resolver o problema seria a revisão do marco regulatório do setor de combustíveis, assegurando maior proteção orçamentária para atividades consideradas essenciais pela ANP, como o PMQC. "A demanda de amostras para análise de combustíveis no país é bastante elevada, devido ao tamanho do mercado e à quantidade de postos espalhados em diferentes regiões", afirma Massillon. Mandelli, do IBP, defende que o tamanho da responsabilidade da ANP deve ser levado em conta pelo governo na hora da definição orçamentária. "O orçamento das agências reguladoras precisa ser feito de acordo com a responsabilidade desta. No caso da ANP, a proteção do consumidor quanto a qualidade e preço dos combustíveis é feita pela agência", diz Mandelli. Por Maeli Prado Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
Inpasa e SIM buscam criar joint venture
Inpasa e SIM buscam criar joint venture
Rio de Janeiro, 16 October (Argus) — A empresa produtora de etanol de milho Inpasa e a distribuidora de combustíveis Sim estão juntando força para lançar uma joint venture. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) anunciou nesta terça-feira o pedido de criação de joint venture pelas duas empresas. A Inpasa virou o maior produtor de etanol do país em poucos anos, com um total de 2,56 milhões de m³ vendidos no mercado interno em 2023, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O Grupo Sim é uma distribuidora regional com presença importante no segmento de Transportadores Revendedores Retalhistas (TRR) do Sul, onde tem 5,8pc de participação de mercado, com vendas de combustíveis somando 1,28 milhão de m³ em 2023. Com , o Grupo SIM virou o quarto maior distribuidor da região Sul. Caso seja aprovada pelo Cade, a nova empresa deve virar a terceira joint venture juntando um produtor de etanol com uma distribuidora, depois da Raízen, que une Shell e Cosan, e a Evolua, parceria entre Vibra e Copersucar. Por Amance Boutin Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
Q&A: Honeywell vê Brasil líder na transição energética
Q&A: Honeywell vê Brasil líder na transição energética
Sao Paulo, 10 October (Argus) — De olho no papel brasileiro na transição energética global, a Honeywell, multinacional americana de soluções na área de energia, optou por mudar no início deste ano sua matriz na América Latina do México para o Brasil, onde fechou parcerias com a Petrobras e a Acelen. Como afirmou à Argus o CEO da companhia para a região, José Fernandes, o Brasil é estratégico tanto por ser rico em insumos, agrícolas e animais, como pelo potencial de investir para transformar essas matérias-primas em biocombustíveis, elevando o valor agregado de exportações. Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista. O Brasil enfrenta escassez de matéria-prima para biodiesel, em um contexto de mudanças climáticas. Como a Honeywell vê essa escassez? Hoje o Brasil tem uma diversidade de insumos que podem ser utilizados na produção do querosene sustentável de aviação. No final do ano passado, fomos escolhidos como parceiros tecnológicos da Petrobras para licenciamento da tecnologia Ecofining [que converte biomassas vegetais ou gorduras animais em diesel e combustível de aviação verdes]. A Acelen também tomou a decisão de adotar a tecnologia de ésteres hidroprocessados e ácidos graxos (HEFA, na sigla em inglês), e nos escolheu como parceiro. Existem algumas limitantes em alguns setores agrícolas no mercado brasileiro, mas é importante reforçar que as matérias-primas que são utilizadas para o segmento de HEFA vão além daquelas tradicionais, que servem como uma fonte de insumo para o mercado tradicional de biodiesel. É fato que existe uma escassez momentânea de insumos, mas não vemos isso como um grande empecilho no longo prazo, até porque o Brasil tem uma grande capacidade de se reinventar. Temos um conhecimento agrícola muito grande, com a Embrapa como um grande agente de tecnologia no setor agrícola no Brasil, que vai ajudar a fechar esse gap sem precisar comprometer o setor alimentício, que é prioritário para a humanidade. É apenas o excedente que irá para esse mercado [de combustíveis]. Aí é onde entram essas tecnologias que estamos desenvolvendo para nos ajudar a fechar o gap de combustível sustentável. Estamos desenvolvendo outras rotas que não dependam tão somente do óleo vegetal, para sairmos um pouco desse segmento que está começando a se saturar. Entendemos que o Brasil pode vir a ser um grande jogador global, e se tornar um dos principais players de uma "Opep dos renováveis". Na avaliação de vocês o Brasil tem como papel ser fornecedor de insumos para biodiesel? Existem duas rotas que o Brasil pode tomar. Uma rota seria a de fornecedor de matéria-prima, e aí pode ser o etanol, pode ser um óleo vegetal, pode ser uma gordura animal, pode ser uma biomassa, pode ser qualquer coisa. Mas quando você vende uma commodity, por definição é um produto de baixo valor agregado. Nós estamos trabalhando muito de perto com os nossos clientes para que eles façam a conversão dessas matérias primas e desses insumos no Brasil, porque quando eles fazem isso, agregam valor a essa commodity, e o Brasil passa a ser um país de alta tecnologia na produção de combustíveis renováveis. O BNDES e a Finep anunciaram financiamento de R$ 6 bilhões para biorrefinarias. É estímulo suficiente? Esse valor não seria suficiente, mas o fato é que o BNDES não é o único interessado em fazer e financiar projetos desse tipo de magnitude. Nos Estados Unidos temos o EXIM Bank [banco público americano que financia o comércio exterior]. Na Europa, também há bancos de desenvolvimento muito interessados em financiar esse tipo de projeto, especialmente na Inglaterra e na Espanha. Muitos bancos privados globais, com presença no Brasil, também têm interesse em fazer o financiamento desses projetos. Então hoje não vemos que o financiamento seja o problema, e sim muito mais a estruturação de projetos junto a agentes financiadores. Recursos vão existir, de um lado ou de outro. Essa estruturação de projetos é importante, até porque estamos falando de refinarias, de investimentos vultuosos, que podem ir de US$ 800 milhões a US$ 1,5 bilhão. Como avaliam o fato de o diesel coprocessado não ter sido incluído no Combustível do Futuro? Isso acaba limitando muito o escopo do diesel R? Não vemos como um empecilho. É uma questão de esclarecimento das novas tecnologias, de ajustes que poderão ser feitos nas legislações ao longo do tempo. Obviamente seria melhor que já tivesse sido incluído. Mas existe toda uma cadeia de valor que está trabalhando no sentido de educar e de fazer com que as autoridades compreendam como funcionam esses combustíveis e como eles participam da nova economia que está se formando a nível mundial, e como o Brasil pode ser um grande participante dessa economia. Por João Curi e Maeli Prado Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
Etanol: Mercado quer importar 150.000m³ de anidro
Etanol: Mercado quer importar 150.000m³ de anidro
Sao Paulo, 3 October (Argus) — Grandes grupos produtores estão vendo uma janela de oportunidade para importar até 150.000m³ de etanol anidro para o Nordeste nos próximos meses – uma possibilidade que fica mais atrativa para empresas que desfrutam de regimes fiscais de isenção de imposto de importação. O mercado especula sobre envios escalonados de volume até março de 2025, a maior parte com origem no Golfo americano. Os preços do etanol dos Estados Unidos tendem a cair nesse período, que é marcado por uma queda na demanda de combustíveis. São meses também marcados pela entressafra da cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro, o que tende a dar sustentação aos preços na região. Atualmente, as usinas do Nordeste não estão produzindo tanto anidro, que é mais caro de se fabricar que o hidratado e tem remunerado menos em comparação. Em 2023, a região produziu 1,07 milhão de m³ de anidro ante um consumo de 2,5 milhões de m³ – o que representa um déficit de 1,43 milhão de m³. Neste ano, de janeiro a agosto, a produção nordestina foi de 321.000m³ e o consumo somou 1,7 milhão de m³, um déficit de 1,3 milhão de m³, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Se uma empresa precisar buscar o anidro faltante para atender aos contratos de venda no Nordeste, a lógica é que pode ser vantajoso trazê-lo de fora do país em vez de originá-lo no Centro-Sul, em função da curva de preços descendente do etanol norte-americano nos próximos meses. O anidro do Golfo norte-americano colocado em portos do Nordeste do Brasil hoje é cotado a R$2.946/m³ e, com base na curva futura, pode chegar a R$ 2.565/m³ sem os tributos federais PIS e Cofins e sem imposto de importação em janeiro de 2025. Em comparação, o índice Argus para o anidro em Suape, Pernambuco, ficou em R$ 3.027/m³ também sem impostos na última sexta-feira. A questão tributária é um ponto chave, porque empresas envolvidas na importação do produto usam um mecanismo de compensação fiscal que as exime do pagamento da taxa de 18pc sobre importações. Trata-se do drawback, mecanismo que prevê a isenção de tributos sobre importações de insumos a serem usados na fabricação de produtos para exportação. Não é simples justificar seu uso na comercialização de etanol, mas com ele uma companhia poderia importar o álcool norte-americano com a contrapartida de exportar o mesmo volume. Os Estados Unidos foram o principal fornecedor de etanol para o Brasil em 2024, sendo responsável por 71,5pc do volume total desembarcado no país, que somou 112.235m³ entre janeiro e agosto, de acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O Paraguai ficou no segundo lugar, com 27,6pc do total, mas tem enfrentado entraves logísticos em função do baixo nível do rio Paraná, principal rota de escoamento do seu etanol. Por Maria Lígia Barros e Amance Boutin Arbitragem de importação de etanol, sem imposto R$/m³ Envie comentários e solicite mais informações em feedback@argusmedia.com Copyright © 2024. Argus Media group . Todos os direitos reservados.
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