A alta demanda por caminhões encareceu os preços de fretes rodoviários de biodiesel na maioria das regiões brasileiras, segundo levantamento feito pela Argus.
O Centro-Oeste apresentou a maior alta no volume de biodiesel transportado entre janeiro-fevereiro, com aumento de 35,2pc, para 53,706m³. No período, houve uma alta de 9,4pc nos preços dos fretes da região, para R$147,2/m³. A pesquisa foi realizada a partir de dados enviados pelos principais distribuidores de combustíveis do país, considerando a média ponderada por volume.
As regiões Norte e Sudeste, registram avanços de 5,3pc e 4,2pc no carregamento do biocombustível, para 33,635m³ e 175,480m³, respectivamente. Os preços subiram acima de 13pc e 5pc, para R$268,3/m³ e R$237,4/m³.
No Sul, as buscas por transporte do biocombustível caíram 7,3pc, influenciadas pelo aumento do transporte ferroviário. No Nordeste, a queda foi de 6,8pc.
Agentes do mercado relataram problemas na contratação de fretes, em função da menor disponibilidade de transporte em um momento de ampla aquisição de volumes e consumo de combustíveis e pelo descasamento de rota – quando o caminhão só consegue fazer um trecho carregado.
O consumo de combustíveis tem aumentado devido ao avanço da colheita de soja no país, que hoje supera 75pc das áreas cultivadas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A fiscalização para o cumprimento da mescla do biocombustível no diesel, realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), também impulsionou o consumo.
Além disso, os preços de diesel originado na Rússia ficaram mais baratos do que o combustível vendido pela Petrobras desde o início do mês, o que favorece as aquisições do produto para estoque. Esse aumento da compra do combustível fóssil nos portos, especialmente Santos (SP) e Itaqui (MA), também elevou o tempo dos caminhões na estrada e, consequentemente, interferiu na disponibilidade e prazo de cumprimento de fretes de biodiesel.
Os gargalos nas operações de coleta de biodiesel levaram distribuidoras a negociarem a participação de produtores nas operações logísticas, aumentando as vendas entregues no terminal por parte das usinas.
A disputa na contratação de fretes para transporte de etanol também está entre os fatores citados por participantes de mercado. Os preços dos fretes de etanol subiram 2,7pc na região Centro-Oeste.
Com o aumento na demanda por combustíveis em fevereiro na comparação com o janeiro, a distância percorrida cresceu 12,8pc para o transporte de biodiesel na região Centro-Oeste, seguida por um avanço de 11,2pc no Norte e queda de 3,9pc no Sudeste.
A expectativa do mercado é de que os preços dos fretes continuem se sustentando, mesmo após o fim da colheita de soja no país. O início da safra de cana de açúcar 2025-26, em 1º de abril, também exerce pressão de alta entre os fretes de biocombustíveis.
Por Natalia Dalle Cort